Aoki Ryuusei SPT Layzner (蒼き流星 ＳＰＴレイズナー)

Retirado de oldtypenewtype.tumblr.com

  Em 1996 a Guerra Fria continua, com a tensão agora é levada ao espaço, com construções de bases na Lua e em Marte. Em Marte, uma base da ONU é atacada por alienígenas vindos de Grados, mas graças a ajuda do metade terráqueo e metade gradosiano Eiji Asuka, usando do mecha (aqui chamados de SPT, Super Powered Tracer) Layzner, alguns jovens conseguem sobreviver ao ataque. Eiji diz que seu objetivo é avisar a Terra do plano de Grados: manipular secretamente as 2 potências mundiais, EUA e URSS, para levar a uma 3ª guerra mundial altamente destrutiva a humanidade, interrompendo assim sua perigosa expansão espacial. Em meio a jornada Eiji ainda terá que lidar com os mistérios de Layzner, com uma Inteligência Artificial que possui seus próprios propósitos.

  Dirigida e criada por Ryosuke TakahashI (Souhou Kihei Votoms, Gasaraki, Flag), a série critica as diferenças que os humanos criam entre si, tanto as culturais quanto as políticas, e os conflitos gerados a partir disso. O enredo interessante e reviravoltas (nem todas tão surpreendentes assim), aliado ao contexto “realista”, o relacionamento entre os personagens resultam numa saga extremamente cativante. Diferente de outras séries dirigidas por Takahashi como Votoms, com mechas mais destrutíveis, aqui há mais em comum com séries como Gundam, especialmente pela máquina protagonista ser quase indestrutível. Ela também tem habilidades especiais que as aproximam mais do gênero super robot, uma mistura interessante

  Layzner é dividida em 2 fases, com um pulo temporal de 3 anos entre elas. A primeira é em 1996, concentrando-se mais no espaço e na jornada para alertar a Terra sobre os propósitos de Grados. O mais interessante aqui são as barreiras de comunicação existentes na humanidade devido a Guerra Fria. A segunda se passa na Terra em 1999, submetida a Grados após uma catástrofe. Esta segunda fase tem uma ambientação pós-apocalíptica mais interessante que a mais usual saga espacial do início, além de introduzir o melhor vilão da série, Le Caine, o “príncipe” de Grados, que a todo custo tenta provar a superioridade de sua “raça”. Infelizmente esta segunda parte também sofre mais com situações mal explicadas (em especial a parte mais “mística” que surge na série) e ações meio incoerentes ou bobas de personagens, embora esta última crítica possa ser feita ao anime como um todo.

Melhor forma de ilustrar as duas fases é através das aberturas:

  A relação entre Eiji e os sobreviventes da ONU talvez seja um dos pontos mais fortes da história, tanto a formação do relacionamento num momento de tensão quanto sua manutenção em épocas tão distintas,  são talvez a parte emocional mais bem sucedida da trama. A jovem Anna é o interesse romântico do protagonista, além de ser a narradora da série. Geralmente não me agrada muito a presença de narradores explanando o que estamos vendo, mas ao mesmo tempo aqui ela consegue adicionar alguma emoção a mais a história.

  Diferente da maioria dos protagonistas “arrastados” para guerra de animes de mecha, Eiji realmente leva longe seus princípios de não matar, tornando mais crível o impacto no personagem quando o fato ocorre.

  Visualmente os mechas são o destaque do anime, e me surpreendeu positivamente o trabalho de sombras neles, dando uma incrementada extra no seu visual. A qualidade da animação é bem irregular, felizmente tendo um bom trabalho nas dinâmicas cenas de ação.  O mecha protagonista, Layzner, com seu “olhar maligno” é bem legal, e há uma boa diversidade de máquinas no anime, todas criadas pelo designer Kunio Okawara. Não por coincidência ele também foi responsável pelo designer mecânico de Souhou Kihei Votoms, do qual os mechas herdaram os “patins” e a forma de segurar as armas, mas com um aspecto menos rústico.

   Na parte sonora o destaque fica por conta dos temas de abertura e encerramento. A abertura Melos no Youni Lonely Way da banda Airmail from Nagasaki é daquelas empolgantes canções dos anos 80, com guitarras dividindo espaço com sintetizadores de forma harmoniosa, com aquela energia bem peculiar da época. As 2 músicas de encerramento, com seu drama carregado,  também fazem bonito, especialmente a segunda,  La Rose Rouge, interpretada por Seiko Tomizawa.

  Próximo ao fim da produção, ela perdeu um de seus maiores patrocinadores, o que levou a um final abrupto e confuso. No ano seguinte, em 1986, foram lançados 3 OVAs de 1h cada, os 2 primeiros recapitulando os 38 episódios da série e o último contendo o suposto verdadeiro final da série. Embora os finais sejam similares (com o mesmo Deus Ex Machinaresolvendo as coisas), o do OVA é mais satisfatório pelo menos por conduzir melhor o enredo. Estes OVAs são bem similares tecnicamente ao resto da série, com uma cena ou outra melhor animada, mas uma melhora marginal de qualidade.

  Layzner é um bom anime de mechas dos anos 80, com ação na medida, personagens cativantes e um enredo interessante. É também um dos animes mais divertidos do diretor Takahashi, mais acessível que Gasaraki ou Flag e com cenas de ação mais empolgantes que Votoms. O final da série deixa a desejar, e diria que o final do OVA, embora não seja espetacular, é essencial para não deixar um gosto muito amargo na lembrança.

Gênero: Sci Fi/Ação/Mecha/Militar
Formato: Série
Episódio(s): 38 + 3 OVAS
Estúdio: Sunrise
Ano: 1985 (série) 1986 (OVAs)
Direção: Ryosuke Takahashi